domingo, 22 de fevereiro de 2015

#18 & #19 Still Alice & We Need to Talk About Kevin

Título oficial: Still Alice @ 2014
Realizador: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Actores principais: Julianne Moore, Alec Baldwick, Kristen Stewart
Premiações: Óscar de Melhor Actriz para Julienne Moore
Classificação IMDb: 7,5
 Minha classificação: 7


Baseado no romance homónimo de Lisa Genova, "Still Alice", ou "O Meu Nome é Alice", em Português, é uma ficção que me encontrou por ter o Alzheimer como tema central. A minha bisavó padeceu dessa doença, o meu primeiro romance publicado girou em torno dela, e por fim uma Julianne Moore lindíssima e super competente dá vida a esta Alice. Devo dizer que o filme foi mais uma espécie de close-up do que é a vida de alguém que sofre dessa doença, que implica a degeneração das células da memória funcional, do que um grande apanhado do assunto. Não se perde em questões médicas, apesar de tanto o marido quanto um dos filhos de Alice praticarem essa profissão. 
O filme apresenta-nos uma mulher de grande tino e elegância, uma Professora universitária de mérito e presença, a definhar aos 50 anos quando começa a sentir-se desorientada e meio "esquecida das coisas"...
Na sua fase mais avançada, o Alzheimer leva a pessoa a esquecer-se de si própria, de quem o rodeia. Faz-se a mesma pergunta inúmeras vezes, é exasperante para quem está ao redor de alguém assim. Além dos queixumes constantes (eu que o dia, além da minha falecida bisavó, também o vizinho do lado passa o dia em "ais"), faltou ao filme mostrar a agressividade que toma os doentes de Alzheimer quando se sentem perdidos e expostos. A determinado momento, tudo se perde: a orientação das ruas, os nomes dos familiares e amigos, a capacidade de executar, até, as tarefas mais simples...
O filme é tocante, não haja dúvida. Até Kristen Stewart, que mantém sempre a mesma expressão impávida, pareceu ter dado mais de si neste drama. A verdade é que o Alzheimer é um teste maior ao amor e à paciência de quem nos rodeia. Do marido que começa por colaborar e depois perde as forças, à filha distante que recusava os conselhos maternais e que se dispõe, em último caso, a cuidar da mãe pessoalmente.
Vale a pena ver, e por isso fiz questão de lhe dedicar algumas palavrinhas aqui.
Título oficial: We Need to Talk about Kevin @ 2011
Realizador: Lynne Ramsay
Actores principais: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller
Classificação IMDb: 7,5
 Minha classificação: 8,5


Temos de falar sobre Kevin é um dos filmes mais perturbadores a que assisti nos últimos tempos. No final fiquei em silêncio por um bocado, e quem me conhece sabe que não sou de ficar calada. E isto é um filme sobre quê? Na minha opinião, há várias respostas, sendo que a que mais me satisfaz é: o amor materno. O amor materno em todo o seu poder de superação, perdão, regeneração, sacrifício e incondicionalidade. Foi a primeira vez que vi a Tilda Swinton a representar, embora tenha traços que lhe tornam o rosto inesquecível. Fez uma Eva credível, tanto na expressão de insegurança, como de fragilidade emocional (e até psiquiátrica) e de amor. Mas é a intriga e as coisas inconfessáveis que dominam o filme.
O trailer não é muito esclarecedor, pelo que me perguntava se seria um filme de terror. Infelizmente, penso que seja o filme de terror de algumas famílias, pois que casos assim ocorrem, lá isso ocorrem...
O filme fez-me reflectir: 
Em que falha uma mãe?
O que leva alguém a levar sentimentos como raiva contida e ciúme a transformarem-se em algo de maior, algo de letal?
Quanto horror e infelicidade pode um coração materno testemunhar sem colapsar?
O que tem um filho de fazer para que a mãe lhe vire as costas?
Não há modo de me alongar sem referir factos. Contudo, as analepses, os diversos momentos em que Eva nos é apresentada, livre a viajar pelo mundo, apaixonada, como mãe e, mais tarde, aparentemente sozinha no mundo e ostracizada, foram muito bem pensadas. Considerei o filme um trabalho artístico difícil de ultrapassar e de esquecer, de uma beleza trágica que contém tudo o que aprecio num bom filme. Permanece em nós após terminado, como que se nos assombrasse, alertando-nos para questões de difícil resolução e sem qualquer explicação.
Aconselho a todos os que perscrutam a natureza humana sem encontrarem respostas.

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