quinta-feira, 18 de setembro de 2014

#118 AHERN, Cecelia, Para Sempre, Talvez



Sinopse:  Cecelia Ahern volta a surpreender-nos com o seu segundo livro - "Para Sempre, Talvez". Com grande perspicácia e originalidade, Ahern conta-nos a história envolvente de um amor contrariado por um destino que teima em brincar com os seus dois protagonistas. Alex e Rosie atravessaram a infância e a adolescência juntos, mas quando chega o momento de começarem a descobrir as alegrias das noites na cidade e das primeiras aventuras amorosas, o destino resolve pregar-lhes uma partida ao colocar entre os dois a vastidão do oceano Atlântico, quebrando, assim, a evolução natural e espontânea de uma relação de amizade para algo mais profundo. Mas poderão o tempo, a distância e o próprio destino ser mais fortes que um grande amor?  

Opinião: Ontem terminei, tarde e a más horas, o primeiro livro que li da escritora irlandesa Cecelia Ahern. Descobri-o por causa do trailer do filme “Love, Rosie”, onde figuram a Lily Collins e o meu adorado Sam Claflin. Tentei ler o livro em inglês, ainda comecei, achei o tom animado e simples, mas acabei por decidir comprá-lo em Português.
Todo o livro são bilhetes, cartas, mensagens instantâneas, salas de chat. Assim sendo, apenas temos acesso às personagens e ao seu ponto de vista, sem temos noção do que realmente aconteceu. No trailer do filme, anunciam que a história é sobre “life getting in the way”, ou seja, a vida e os seus muitos twists e desencontros. Lá isso é verdade. Quando as coisas parecem estar prestes a endireitar-se, acontece algo. As pessoas morrem, engravidam, abandonam-se e regressam nos piores momentos possíveis.
A relação entre a Katie e o Alex é bonita, sobretudo porque temos acesso aos pensamentos que cada um guarda para si, recusando-se a partilhá-los com o outro. Mas toda a história é inverosímil, não existe um fio histórico condutor. Passam-se quarenta e cinco anos e há sempre internet, há sempre a conjuntura económica actual. Eu entendo a ideia da escritora, e um livro não tem necessariamente de se enquadrar nos padrões da realidade mas… Enfim. Toda a história retrata, também, um grande desperdício que é o tempo, por parte tanto da Rosie quanto do Alex. É frustrante vê-los desencontrados ao longo de tantos anos.
O livro é assertivo, divertido, exasperante em partes. Não é mau mas, na minha opinião, não funciona muito bem. Espero que o filme saia melhor.

Classificação: 3***

terça-feira, 16 de setembro de 2014

ANDANÇAS....

Olá meus caros leitores,

Para vos notificar do que ando a fazer neste momento;

1) Ando a escrever a continuação de "A Filha do Barão", "Uma Mulher Respeitável". Vou sensivelmente a meio. Mas quando o terminar faltará ainda muita pesquisa para enriquecê-lo.

2) Ando a re-escrever o Demência. Sim, a história da Letícia e do Gabriel, a história do velhinho adorável e da velhinha com Alzheimer, a história das duas meninas adoráveis, Luz e Maria. Estou a torná-lo exequível, real, com contornos que se dispam daqueles que lhe atribuí aos 19 anos, quando o escrevi em toda a minha inexperiência. Se não for publicado, facultá-lo-ei em e-book ou tento metê-lo nos escrytos.

(capa)

Beijoooos!

 

domingo, 14 de setembro de 2014

#117 MCNAUGHT, Judith, Para Sempre

Sinopse: Victoria Seaton cruzou um oceano. Para trás, deixou tudo o que amava. A sua cidade, Nova Iorque. Andrew, o homem dos seus sonhos. E a casa onde nasceu, agora tristemente vazia após a morte súbita dos pais. Desamparada, Victoria não tem outra solução que não rumar ao desconhecido. A Inglaterra, um país que que nunca visitou. Aos aristocráticos Fielding, uma família que nunca viu e à qual pertence apenas no papel. A uma herança que não sabia existir. O seu único conforto é a sua irmã Dorothy, a quem protege fingindo ser a mulher corajosa que, intimamente, teme não ser. A alta sociedade britânica rapidamente a põe à prova com as suas regras rígidas, tão diferentes dos modos calorosos e simples do seu país natal. Igualmente impenetráveis são as reacções da família. Quando conhece a avó – a duquesa de Claremont - Victoria não percebe o porquê do seu olhar venenoso e a sua obstinação em acolher apenas Dorothy. As irmãs acabam por ser separadas e Victoria fica à mercê do jovem lorde Jason Fielding, seu primo afastado. Jason é um homem frio, sensual e implacável. Nos salões da moda, é o alvo de todas as atenções, a chama que atrai homens e mulheres, o “felino selvagem entre gatinhos domésticos”. Ele permanece um mistério aos olhos de Victoria, que recusa submeter-se às suas ordens ríspidas. Por seu lado, Jason não sabe como reagir ao temperamento explosivo da jovem americana. A relação de ambos é tão excitante quanto impossível. Sobre ela paira - negra e omnipresente - a sombra do passado com os seus mistérios, segredos e crimes…


Opinião: Ao final de se ler centenas de livros, atinge-se um estado interessante… O que deriva do facto de ter lido este livro pela terceira vez como se fosse a primeira.
Da primeira para a segunda vez que o li, a memória obliterou todo o seu conteúdo. Li-o da segunda vez em inglês, na diagonal, e fiquei com um grande fraquinho pelo personagem principal masculino, o Jason.
Depois, quando soube que ia sair em português, pus-me na fila para o adquirir e devorei-o em todos os minutinhos livres de que dispus.
Já li muitos livros do género, a fórmula não varia demasiado: a autora atira dois protagonistas para um casamento arranjado. Aqui variam os motivos A) havia sido acordado pelas famílias e ambos estão desgostosos. B) Ele cobiça-a e consegue-a. Apenas ela está desgostosa. C) Envolveram-se e ele acaba por a pedir em casamento para salvaguardar as aparências. Ambos se fingem de desgostosos. D) Ele pede-a em casamento por uma questão de honra ou para salvá-la da pobreza. Não se entendem durante trezentas páginas porque ela se martiriza por ser um fardo e ele acha que ela só precisa dele para comer.
Enfim, depois variam os desafios que a autora atira para cima do casalinho maravilha. Um deles foi pobre. Um deles foi maltratado pela família. Um deles gagueja. Um deles foge ao passado. Um deles havia jurado nunca se casar. Um deles pensava que amava outra pessoa. Ele é sempre um libertino. Ela é sempre virgem.
Etc., etc., etc.
A Judith fez aqui algumas modificações na história. Primeiro, o Jason é realmente silencioso quanto ao seu passado. Não apenas silencioso quanto discreto. Não tem nada de pedante quanto a isso. Não se gaba de ter saído do nada, não usa a sua influência para obter o que quer, está muito calmo na vida dele, viúvo, quando a Victoria entra pela vida dele adentro. A Victoria não é uma tontinha nem cai de amores por ele assim, sem mais nem menos. É bonito vê-los serem cativados um pelo outro.
A Victoria é americana, perdeu os pais e descobre que a única família que tem pertence à aristocracia inglesa. Ao pôr os pés em Inglaterra, é imediatamente despejada para um noivado de fachada com o viúvo Marquês de Wakefield.
A fórmula também não é assim tão diferente das restantes; ele é sombrio, tem humor negro, é estupidamente atraente, toda a gente foge a esconder-se quando ele dá ordens, raramente se ri. Ela é um sopro de alegria na casa dela, ora infantil, ora uma coisinha sedutora.
Contudo, foi interessante ver um livro que junta duas pessoas perfeitas uma para a outra, duas pessoas que precisam uma da outra, e uma pesquisa histórica tão bem feita. Ao contrário de outros livros do género, em que apenas nos damos conta de estarmos no século XIX porque ela usa decotes imorais, muitas jóias, frequentam muitos bailes e andam muito a cavalo, este contém toda a espécie de detalhe que enternece quem se interessa por história. Além da comparação entre os hábitos sociais na América e em Inglaterra, na época, ficamos a saber quanto tempo deveria uma filha guardar luto pelos pais, o que era esperado dela, em que pé está a medicina, como se passam os serões, que jogos se jogam, o que se bebe, o que bebem as mulheres, o que preferem os homens? O que fazem os homens ao serão? O que fazem as mulheres? Como funciona uma casa? Como se enriquece no século XIX? Quanto tempo duram as cartas a circular pelo mundo? Como faziam os navios a travessia do Atlântico? Como vivem os casais na intimidade? O que é aceitável socialmente de um marido? O que é imperdoável numa mulher?
Gostei muito do livro. Houve mal-entendidos, como é evidente, mas não por falta de comunicação. Os protagonistas guardam os seus sentimentos por receio, mas depois recusam-se a acreditar que o outro não os estime. Não são assim tão inseguros ou cegos. Têm dúvidas, sobretudo se estarão à altura do outro, se o merecem, se podem fazê-lo feliz. São muito humanos, divertidos, coesos.
A Victoria é corajosa, honesta. O Jason tem um orgulho do qual ele próprio, por vezes troça. Como quando uma bala que fez ricochete numa árvore o atinge, e ele fica sentado após o embate, chocado, e comenta que não acredita que foi a árvore, e não o seu oponente, a causar-lhe dano.  
Foram um casal amoroso, muito bem construído. Mesmo os empregados têm personalidades marcantes, dando vontade de ler-se também sobre eles, as suas opiniões e mexericos. A autora mostrou muito bem o que era esperado do mordomo, do cocheiro, do lacaio, do bláblá, e do Northrup, abridor de portas e com orgulho!
Da parte da escritora, lamento que o assunto “Jamie” tenha sido enterrado ao fim do prólogo. Quem ler saberá do que falo. Acho algo demasiado importante para ficar assim enterrado sem repercussões no futuro de alguém como o Jason. Da parte da editora, lamento algumas escolhas de palavreado por parte da tradutora. Enjoei da palavra “delicado/delicada” e “encantador/encantadora”. Gostaria de lhe falar da existência de outros adjectivos.
Aconselho a todas as leitoras que gostam da Julia Quinn, da Sherry Thomas, da Lisa Kleypas. Foi um livro delicioso em que, mesmo nas partes mais íntimas, manteve uma grande elegância. Falta um bocadinho desse realismo a algumas das outras autoras. Não passem por cima da Física e da Anatomia só para provar que estes homens são uns garanhões na cama!

Classificação: 4****/*