sábado, 3 de agosto de 2013

#98 GRAVES, TRACEY GARVIS-, Sozinhos na Ilha


Opinião: «Sozinhos na Ilha» foi-me recomendado por várias classificações favoráveis de pessoas em cujo gosto confio. O livro não foi, de modo algum, um embuste. Foi uma descoberta agradável e uma leitura compulsiva e prazerosa. Conta a história de Anna, de 30 anos, e de T.J., um antigo doente de cancro, que tem 16 anos quando o hidroavião em que sobrevoam as Maldivas se despenha no Índico. Como resultado passam cerca de 4 anos sozinhos na ilha. Professora e aluno a cooperarem para sobreviver às diversas intempéries. Falta de alimento, sede, tempestades, tubarões, anémonas, morcegos com raiva, águas estagnadas, a angústia de nunca mais verem os seus entes queridos. Gostei dos pormenores sobre a fauna / flora da região e os desafios diários. Foi bastante realista.

A autora escapa aos floreados, expõe a história pulando de acontecimento significativo em acontecimento significativo, sem se ralar muito com contar cada hora e cada momento da vida na ilha, o que agradeci bastante, porque o essencial estava lá. Também não mergulhou em grandes contemplações filosóficas, foi mais prática do que isso.

Contudo há algo em falta, algo que lhe rouba genuinidade. O livro parece-me, um bocadinho, “cinematográfico”, como se na realidade só sobrevoássemos, quase superficialmente, as cabeças das personagens. Dava-me jeito conhecê-los um bocadinho melhor. Depois não é uma ligação fácil de compreender, e gostaria que a autora tivesse trabalhado nisso. Que eles próprios duvidassem um bocado se era suposto funcionarem ou não e, quem sabe, no fim entendessem que era mesmo aquilo. O amor romântico e incondicional soa-me sempre a ficção – e é uma obra de ficção, OK – exacerbada. Preferia dúvidas existências, pesos na consciência, afastamentos dolorosos e regressos de peito apertado. Acho que tudo acontece com uma naturalidade que gostaria de ver mais desenvolvida.
Vai ser adaptado ao cinema e não me espanta. Holywood só tem que achar uma boazona e um hot guy para pôr as mulheres todas a correr para o cinema. E eu entre elas.



Sinopse: Uma ilha deserta plena de sol, vegetação luxuriante e mar cristalino é um cenário de sonho. Ou talvez não... Anna Emerson decide quebrar a sua rotina e deixar Chicago para dar aulas numa ilha tropical. Por seu lado, T. J. Callahan só quer voltar a ter uma vida normal após a sua luta contra o cancro. Mas os pais empurram-no para umas férias num destino exótico. Anna e T. J. estão a sobrevoar as ilhas das Maldivas a bordo de um pequeno avião quando o impensável acontece: o aparelho despenha-se no mar infestado de tubarões. Conseguem chegar a uma ilha deserta. Sãos e salvos, festejam e aguardam, convictos de que serão encontrados em breve. Ao início, preocupam-se apenas com a sobrevivência imediata e imaginam como será contar tamanha aventura aos amigos. Nunca a citadina Anna se imaginou a caçar para comer. T. J. dá por si a lutar com um tubarão e a ser acolhido por simpáticos golfinhos. Os dois jovens descobrem-se timidamente e exploram a ilha. Mas à medida que os dias se transformam em semanas, e depois em meses, as hipóteses de serem salvos são cada vez menores. Ambos têm sonhos por cumprir e vidas por retomar, e é cada vez mais difícil evitar a grande questão: conseguirão um dia sair daquela ilha?