quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

#73 FIDALGO, Vanessa, Histórias de um Portugal Assombrado


Sinopse: Hoje o Palácio Beau Séjour é ocupado pelo Gabinete de Estudos Olisiponenses, da Câmara Municipal, de Lisboa, mas noutros tempos foi a residência do Barão da Glória, que ainda hoje por lá anda a arrastar grossos volumes de livros e caixotes de documentos, para desespero dos funcionários, que, dias depois, voltam a encontrá-los no exato local onde haviam procurado. O Barão também é culpado, acusam, pelo tilintar da chávenas em cima das mesas e pelo soar das campainhas da Quinta de São Domingos de Benfica. No Castelo de Almourol ou no de Bragança, amores incompreendidos deixaram espetros a pairar nas suas torres e ameias. Na Serra de Sintra sobram razões para ter medo, entre casas assombradas e almas que deambulam pelas estradas. No Porto, há espetros a discutir a herança pela calada da noite e apartamentos que, afinal, contra todas as razões lógicas, não estão vazios como aparentam. Em Castro Marim, as mouras ainda andam à solta, e, em Penafiel, os sustos marcam o ritmo dos dias na Quinta da Juncosa, que há séculos foi palco de um crime hediondo. Em Langarinhos, Gouveia, há uma casa inacabada, obra que, por mais que tente, nenhum proprietário consegue finalizar. 
Falar de fantasmas, casas assombradas e mistérios difíceis de explicar não é tarefa fácil. Há quem fique com pele de galinha, outros não deixam de esboçar um sorriso trocista.

Opinião: Não tinha qualquer expectativa quanto a este livro. Como me interesso por História, lendas e pelo património do meu país, julguei que talvez pudesse satisfazer um pouco dessas curiosidades nesta obra da Teresa Fidalgo. Até por volta da página 180 as compilações de situações foram isto tudo. A partir daí transformou-se num livrinho infantil sobre princesas mouras e alcaides/cavaleiros cristãos. Enfim...
Bom, o que me surpreendeu mais pela positiva foram as palavras escolhidas pela autora. Pensei, em dados trechos, que ela escreveria um bom romance. Não significa que tenha mergulhado muito a fundo nas personagens - ou sequer que não se tenha repetido "n" vezes, porque a dado momento as histórias eram todas iguais - mas tem um discurso fluído, que era onde receava ressentir-me mais na leitura.
Li histórias muito interessantes sobre casas, povoações, específicas. Pessoas com nome e história e moradas memoráveis. Edifícios conhecidos de qualquer lisboeta ou mesmo estruturas em Carcavelos e no Estoril, onde estudei três anos, aproximaram-me deste imaginário tenebroso. Infelizmente, intercaladas com estas histórias e depoimentos surgiam lendas sem grande fundamento, sem fontes que não o linguajar popular.
Entreteve-me (assustou-me e valeu-me um sonho daqueles de pôr os cabelinhos em pé), mas penso que a autora devia ter cortado tudo a partir da página 180/90 e poupar-nos às agruras dos amores medievais, bem como deveria ter-se encurtado na descrição das histórias centenárias de alguns edifícios. Não conseguiu, deste modo,  manter-me o interesse aceso. Ainda assim li-o em dois dias.
Aconselho, até porque aprendi um pouco da realidade dos sanatórios - doentes pulmonares - e de crenças populares como a suspeita de que, se uma mulher engravidasse de gémeos, cada filho seria de um pai diferente, votando-a à ostracização dos adúlteros.
Ia dar-lhe um 4*, mas as últimas 60/70 páginas sobre princesas, suicídios de amor, os amados sob a forma de neblina matinal e maldições assolapadas desmotivou-me.
Classificação: 3***/*

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